Wednesday, November 27, 2019

Não te peço licença, nem sequer um olhar de assentimento. Tomo-te como estás. Aqui e agora! Encosto-te ao carro com firmeza, e percorro o teu corpo com as mãos, determinado em te elevar ao êxtase, enquanto te absorvo com todos os meus sentidos. Sinto-me enebriado por ti. Embriagado pela tua energia explosiva. Desembaraço-me da roupa, quero mais de ti. Como se estivéssemos sós sem possibilidade de encontros inoportunos. Não quero saber. Agora, só te quero a ti. Aqui! Agora! Guio-me no teu corpo com as minhas mãos, os meus lábios a percorrer-te o pescoço, e sinto-te pulsar de desejo. Sinto-te molhada de prazer, como quem chama por mim. Sinto o odor que emanas a pedir mais e mais, sem parar. Ocupo-te o espaço, preencho-te sem hesitação, e nunca me parece suficiente. Quero mais, muito mais. E tu chamas por mim. E com cada investida, sinto a tua respiração mais forte, mais alta, numa tentativa vã de manter o silêncio. E acelero, ainda mais louco de paixão, para te sentir mais intensa, para nos sentir mais intensos. Apertas-me fortemente com as pernas, mordes-me as orelhas, e puxas-me contra ti. E acelero enquanto te agarro pelas nádegas, empurrando-me uma e outra vez para dentro de ti, firme, com o vigor de quem não te toca à uma eternidade. Como se a vida dependesse deste acto enérgico sem limites. Como se esta fosse a última vez numa curta e inesperada despedida. Desejo-te ainda mais e a cada nova investida. Exalas desejo e prazer a cada reencontro dos nossos corpos entrelaçados, de pé, contra este carro desconhecido num parque meio escuro. Soltas, por fim, um grito meio abafado no meu ombro, mordendo-o com libertação contida. Apertas-me com mais força, vincas-me com as tuas unhas, descontrolada do espaço e do tempo, e contorces-te de prazer, como se atravessada por uma corrente de 10.000 volts. Esvazio-me em ti, numa quente torrente de prazer incontrolável. Sinto o meu corpo a ser percorrido pela tua corrente, que me deixa hirto, quase sem sentidos. Deixas-te apoiar nos meus braços, momentaneamente sem forças, enquanto nos inclino contra o carro. Voltas a ti, recompões-te, sorris e sais de cena. Sigo-te. Damos as mãos. Não dizemos palavra. Foi apenas um momento.

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