Wednesday, June 17, 2009

Momentos

"o tempo é algo que não volta atrás", li eu algures ainda há pouco.


Não volta, o que passou... passou. E se tiver sido bem passado, tanto melhor. Se tiver sido aproveitado com sucesso, melhor ainda. Se tiver tido algum sentido, algum significado mais rico, nobre, profundo... que maravilha. Mas passou… e não volta mais, e o que resta dele são o que fizemos, dissemos, vivemos, sentimos… e as respectivas memórias.

Um momento, único, que passa e não volta... jamais... será irrepetível neste universo de momentos encadeados e sequenciais e de forma tão subjectiva, e coordenados por algo a que chamamos de tempo.

Momentos que constroem estruturas de sentimentos e estados de alma, passando pela indiferença ao êxtase... momentos que não voltam, perdidos algures no tempo e dos quais restam apenas memórias sentidas, as marcas na pele, o cheiro que desaparece… lentamente... até que se esfuma e se transforma…

Neste momento que passa e não mais volta, este agora que vivo e sinto, não o queria deixar passar sem te dizer mais uma vez...



...

Tuesday, June 9, 2009

221

...and still loving it!



:)

Sunday, June 7, 2009

220


Duzentos e vinte… podia ser um número qualquer, mas não é. Calha a um Domingo. É bom. Dá para descansar. Faz falta! Talvez dê para gozar esse número… um número certo, quadrado, duzentos e vinte, …e é par.

Não é um quarto de alguma coisa, bom… até é, de oitocentos e quarenta, mas não de um número redondo… tipo um quarto de mil, por exemplo… como um quarto de litro ou de qualquer outra coisa assim mais… mais expressiva dentro daquilo que se possa considerar comummente expressivo. Mas um quarto é quadrado... quer dizer, alguns são. E o duzentos e vinte é quadrado, não quadrado no sentido de imbecil, nada disso... mas quadrado no sentido geométrico, pelo menos daquilo que se possa considerar um número de quadrado como o quatro, ou o duzentos e cinquenta, ou o mil... e assim, considero este duzentos e vinte quadrado e, como um quarto é quadrado… e este duzentos e vinte é quadrado, também ele é um quarto. É um quarto rebuscado, eu sei. Mas sou eu que escrevo, sou eu que dito as regras! E além disso eu quero um quarto… um quarto porque …um quarto é bom… é lugar de segurança e lugar de diversão, é lugar de sossego e lugar de atrevimento, é lugar arrumação e lugar extravagância, é lugar de amor e lugar de paixão, é lugar de descanso e lugar de brincadeira, é lugar de sonho, é lugar de liberdade, é lugar de seriedade e também de alguma loucura… é um lugar bom, livre, cheio de coisas boas, e por isso gosto do quarto.

O duzentos e vinte também é um par, o que também calha bem porque… um par é sempre bom, e no caso deste duzentos e vinte é ainda melhor, é especialmente bom... é doce. É como um chocolate negro de 100% cacau de Claudio Corallo, produção totalmente artesanal, robusto mas suave, sólido, com uma textura única, onde acrescentaria um toque de baunilha culminando em leves sabores frutados de frutos silvestres e finalizando com uma levíssima e muito fina cobertura de chocolate branco. É mesmo muito bom! Possivelmente, este par será um dia ímpar, ou talvez se mantenha par, ou talvez… mas que importa isso? Seja par ou se torne ímpar... é um número como outro qualquer!

É isso, um número como qualquer outro… nem dá conta certa, a ver bem. Dá cerca de seis décimas… pouco mais que isso. Seis décimas! Não é nada, mas já é tanto. São seis décimas de algo, de um valor que alguém definiu como marca do tempo, como compasso de ritmo, como comemoração de mais uma passagem.
Mas… duzentos e vinte? Duzentos e vinte ninguém conta, ninguém olha, ninguém repara. É um número inexpressivo, ao qual ninguém liga. Nestas coisas do tempo, este número não tem qualquer relevância.

Então… e o duzentos e vinte vem de onde? Não vem de lado nenhum, mas vem de tudo o que importa. Podia ter sido um oitenta, ou um trezentos e sessenta e cinco. Hoje, neste belo dia solarengo, sim... solarengo, que apesar das núvens o sol ainda se faz reflectir na relva verde do jardim... tímido, mas presente... hoje é o duzentos e vinte. Amanhã será outro número qualquer. Não. Não um número qualquer, mas algum que tenha algo de valor. O mesmo valor de todos os outros números, …sim, isso mesmo, exactamente o mesmo valor, que aqui são todos importantes. O duzentos e vinte, o um… ah, o um, esse belo número que muitos julgam ser o culminar de um percurso ou competição, a meta, mas que na verdade, é apenas o começo, e um maravilhoso começo, digo eu. E se eu digo, é porque é!.

E o quatro mil? E o quinze mil trezentos e dez? Sim… o quinze mil trezentos e dez também é um belo número... coincide com o vinte e oito mil novecentos e setenta e nove. E se um dia eu escrever um texto que comece por dezoito mil duzentos e trinta e dois, esse sim, vai ser um número fantástico. Espero que calhe também num Domingo. É pena é não ser tão quadrado como o duzentos e vinte... quadrado mas não imbecil, entenda-se! Aqui não há lugar a imbecilidades… e como sou eu que escrevo, sou eu que dito as regras! Está dito! Mas também é par.

Não sendo um quarto do que quer que seja com alguma lógica comum, ou um valor redondo como… sei lá, mil, ou cem mil, ou o que for que aqui quem dita sou eu, garanto que, a acontecer, terá definitivamente um quarto majestoso, para um par definitivamente maravilhoso! Esse número não será um quarto, mas representará muitos quartos.

Mas hoje, neste dia de sol tímido mas presente, assim como eu, e de temperaturas aconchegantes… hoje conta-se o número duzentos e vinte. Hoje conta-se este número porque me apetece, porque Eu quero, e porque sou eu que escrevo e sou eu que tido as regras. E conta-se o duzentos e vinte porque o número é quadrado-não-imbecil, e não sendo um quarto que pode ser quadrado, calha a um Domingo, e ainda por cima é par, e toda esta conjugação de valores soa-me muito bem!

Valores… ora aí está mais uma conjugação. Este número é um valor, mas não o valor que se possa julgar. Não é um valor qualquer. É O Valor! É aquele que mais vale de tudo o que tenho o privilégio de ter comigo. É-o hoje, mas amanhã também será. É o valor do tempo que passou, é o número de dias que tive o prazer partilhar, é o número de dias que tive o privilégio de sonhar, é o número de dias que tive o privilégio de planear, é o número de dias que tive o privilégio privar com… e de viver de uma forma diferente, mais intensa e mais verdadeira… pelo menos desde que dei conta que sou adulto. Sim, desde que dei conta! Acho que dei conta muito tarde na minha vida e por vezes olho-me ao espelho e questiono onde foi parar a juventude de outros tempos, porque aquela cara que vejo reflectida ao espelho apresenta aquela idade de quem eu olhava há muitos anos atrás e achava de velho, adulto sem graça.

Engraçado, estas coisas da idade. Somos crianças e vemos um oceano numa poça, crescemos e passamos a ver um lago, e depois de adultos vemos… aquilo que ela é - uma poça – e deixamos de lhe dar importância. Gostava de ver novamente o oceano naquela poça, e brincar aos pulos sujando toda a roupa de salpicos de lama, rebolar-me na areia e gritar ao vento qualquer exclamação de super-herói, sem achar que estou a ser… infantil!

Um dia olhei-me ao espelho e deixei de ver a criança de outros tempos, e depois percebi que, afinal, já era adulto há demasiado tempo, e nem tinha dado conta… Os anos passaram, as actividades mudaram, e os hábitos e os desejos e as brincadeiras… o fantástico fugiu, assim como a mística e o imaginário que fazia de um galho uma vara sofisticada de tecnologia de ponta capaz de criar planetas e fazer-me pairar no ar como o super-homem… e que bom era voar em criança e ver as pessoas pequeninas lá em baixo…

Mas cresci, e só dei conta muito tarde quando um dia me olhei ao espelho e não reconheci aquela cara estranha, com barba, que olhava espantada a ordenar que me despachasse porque coisas importantes, coisas que eu, criança, não entendia, me esperavam algures num local a que chamava de escritório e que supostamente era um emprego, ou qualquer outra coisa que me pareceu muito chata e sem sentido, e desde então tenho estado a tentar perceber sem conseguir atingir-lhe a razão. Que coisa estranha aquela!

Mas e o duzentos e vinte? …que raio de número. Inexpressivo! É quadrado-não-imbecil, como um quarto… um quarto quadrado. Vai ter um quarto. Vai? Terá, com certeza! Se sou eu que escrevo, sou eu que dito as regras! E calha a um Domingo… mas que bem… E sendo par, vai mesmo ter um par… faço questão disso que de outra forma não quero! É que, este duzentos e vinte sem par não é nada, é vazio, é ilógico e irreal. Afinal, não é um raio de um número, é um bom número. É um número completo!

Nós, seres vivos pensantes e supostamente racionais, mas que afinal somos apenas um molho de brócolos sentimentais e supersticiosos, temos a mania das marcas, das métricas, das coisas supérfluas e sem sentido real. Duzentos e vinte é um número quadrado como um quarto, é um par de algo que calha a um Domingo e que vai ter mesmo um quarto com cama e jardim à porta o som dos pássaros lá fora e o silêncio relaxante da distância saudável do mundo exterior e um par magnífico. Dito assim sem vírgulas para ser tudo seguido e vincado e sem deixar fôlego. Que importa se é duzentos e vinte ou nove mil oitocentos e sessenta e nove…
…importa que são duzentos e vinte dias passados na tua companhia, duzentos e vinte dias passados a sonharmos juntos, duzentos e vinte dias a planearmos um futuro juntos, duzentos e vinte dias a desejarmo-nos um ao outro, duzentos e vinte dias a amarmo-nos loucamente, livremente, descontraidamente, apaixonadamente…
…são duzentos e vinte dias de felicidade, são duzentos e vinte dias a sentir-me, de novo, como uma criança feliz, despreocupada, com esperança e cheia de sonhos!

Podiam ser apenas dez, ou os tais dezoito mil e quantos mais vierem… mas serão todos igualmente bons. Talvez ainda melhores… quem sabe…

Amanhã, festejo o número duzentos e vinte e um, e um dia espero estar do teu lado, a amar-te pelo décimo oitavo de milhar e duzentos e trinta e dois dias consecutivos.

Obrigado por me deixares amar-te assim…