Sunday, November 10, 2019

Tsunami

Não sei como te dizer isto. Talvez nem deva dizê-lo. Mas aqui vai, em jeito desconcertado e atabalhoado. 

A verdade é que nem sei por onde começar. Vou ser directo. Nada melhor que ser directo numa situação destas. Os detalhes, aqueles deliciosos pormenores que enriquecem o momento, podem seguir depois. Não que sejam importantes. Por si só considero-os ornamentos de embelezamento temporal, em constante mutação num rol de surpreendentes sensações de admiração. Ainda assim, criam uma rica e apetecível moldura ao inefável sentimento que te quero transmitir. 

E aqui reside a dificuldade. É que por ser inefável, como te o posso transmitir? Como posso eu alguma vez transmitir-te um sentimento que é apenas meu, mesmo que estimulado pela tua presença, a tua electrizante energia, o teu olhar brilhante e profundo?

Se o pudesse, entregar-te-ía o meu coração para que sentisses o meu sentir. É que nem copia-lo consigo de tão palpitante que está. Talvez assim pudesses entender como ele bate forte na tua presença, como bombeia o sangue intensamente por estas veias, de como exige dos meus pulmões mais e mais oxigénio e transmite aos meus músculos abundante energia para que te abrace e te sinta completamente. Talvez assim entendas todo o esforço que tenho de fazer para me impedir de te abraçar agora e beijar apaixonadamente. Talvez assim entendas esta minha necessidade de me fundir em ti, de te sentir num todo, de te conhecer por dentro. Mas, na impossibilidade disto e de tanto mais que descrever não posso, permite-me ser directo.

Estou arrebatado! 

Sinto-me meio louco, perdido dos meus sentidos, alheado do que me rodeia quando estou na tua presença. Nada mais importa. 

Estou irremediavelmente apaixonado!

E o meu único guia nesses momentos é a luz que irradias tão eloquente mente, nessa tua beleza incomparável, com a essência da tua natureza. 

Os pormenores são irrelevantes. Aquela veia que palpita quando te entusiasmas, aquele teu jeito no queixo quando sorris, a forma como mexes distraidamente no teu cabelo, o teu andar dominante e seguro, a descontração com que abordas os amigos, a tua entrega nas mais pequenas coisas, o teu desejo de absorver e aprender, a tua garra quando te decides, a maneira de brincares e rires como uma criança sem complexos, livre e espontânea...

Mas nada disto importa, e tudo tem muito sentido em como me sinto. 

És como um tsunami que me arrasta para parte incerta e me confunde os sentidos, e ainda assim quero mais! 

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