hoje vi um cabelo teu... não vi um, vi uns poucos, mas um chamou-me especial atenção.
era diferente, algo reluzia nesse teu cabelo solitário, algo brilhava com uma luz viva e quente...
estava ali, pendurado no móvel da casa de banho. caiu de ti quando te preparavas para saír, onde te penteaste a última vez. sacrificou-se para ali permanecer, até que eu lhe reparasse na existência aparentemente insignificante e efémera. de tantos cabelos, aquele soltou-se, deixou-se embalar pelo ar, até que se deixou ficar pendurado na borda do móvel, estrategicamente colocado, e ali permaneceu até que me sentasse à sua frente horas mais tarde, de tantas vezes que por lá tinha passado neste longo espaço de tempo entre a tua saída e este meu, nosso, encontro.
sentei-me, olhei a caixa vermelha chinesa por cima do móvel, sorri pelo dragão negro meio cortado pela fechadura e pequenas gavetas, e ao deixar o meu olhar deslizar para baixo foi então que o vi... ali... pendurado, como se me chamasse delicadamente. estiquei os dedos, peguei-lhe nas mãos e observei-o. era longo, ondulado. olhou para mim como se me enviasse uma mensagem... de ti, que existes, e que não estando tu ali naquele preciso momento, estás presente de alguma forma em todos os momentos. de repente fiquei com vontade de o guardar comigo... e de juntar os que mais encontrasse... era como se te abraçasse, mas acabei por o deixar seguir o seu caminho. a sua missão estava terminada.
tarefa inglória, essa do teu cabelo. atitude simpática, louvável, mas inútil.
como se me esquecesse de ti... como se me esquecesse de mim...
mas afinal, aqueceu-me a alma e sorriu-me o espírito...
Friday, September 25, 2009
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